Ao ler a edição 3 do ano passado da revista "Ronnie Von" me deparei com um artigo muito bem descrito por sinal, em Delicadezas de Gisela Berland, escrevendo o porquê da França SER a França. Que me inspirou a fazer uma sessão no blog sobre Paris, afinal acabei me lembrando da pela primeira vez em que estive por lá e observado de perto toda aquela riqueza nos monumentos e parques, toda a atmosfera histórica envolvida, a comida deliciosa e o charme, de certa forma, estampada no modo de vida deles. É difícil não ficar encantado. E assino embaixo toda a narrativa justificativa convincente feito por ela. Não é atoa que é um dos lugares mais procurados pelos turistas e não têm como não se apaixonar e voltar. Creio que cada volta, será um novo olhar e sim, eles são diferentes mesmos. Ao andar pelas ruas de Paris com olhos atentos e observadores, logo você percebe a sofisticação, a sutileza e a elegância do francês e da francesa principalmente. Ambos exalando um jeito muito particular de ser, transferindo o charme do antigo com o (re) criado. Totalmente diferente da nossa sociedade, onde o novo e reproduzido "encarecidamente" exprimem o seu verdadeiro valor. Claro, toda regra há excessões!!! Normal!!!No entanto, compartilho o texto dela e creio que muitas pessoas pensam e sentiram o mesmo.
Apesar das críticas ao comportamento “arrogante” dos franceses, das reclamações do custo de um cafezinho e das filas para subir na Torre Eiffel, milhões de turistas continuam sua peregrinação pelas ruas de Paris, pelas estradas francesas, pelas cidadezinhas escondidas nas encostas da Côte d’Azur. Por quê? Porque é impossível não se deixar seduzir por tudo o que os franceses conservam, defendem e amam.
Desde pequenos, os franceses são treinados para serem os melhores em savoir-faire e savoir-vivre (saber fazer e saber viver). E então eles aprendem a nos seduzir...Tudo começa quando uma menininha de sapatinhos roxos cruza o seu olhar e diz bonjour. No metrô lotado, o adolescente cede sua cadeira para uma senhora não tão idosa. Você vai almoçar e na mesa ao lado um casal come tranquilo, enquanto seus filhos saboreiam “comida de adulto” sem interromper a conversa dos pais. Na rua, uma mocinha toma das mãos de sua mãe as sacolas de compras, A mãe reclama só para dizer alguma coisa. Afinal, foi ela quem lhe ensinou o respeito pelos mais velhos.Você entra em um museu, talvez o Louvre, e, em silêncio absoluto, um grupo de crianças contempla a Monalisa enquanto a professora fala de Da Vinci. Você volta para o hotel deprimida. Como é possível?
A noite passa e você acorda com o cheiro do café fresco e um aroma amanteigado que a leva flutuando até a sala do café da manhã. Sobre a mesa, uma cesta de croissants e brioches, ainda mornos, à espera. Cuidado! A comida é uma das maiores armas dos franceses para nos seduzir. Satisfeita, você sai para descobrir a cidade pensando, com um pouco de remorso, nas calorias que acabou de ingerir.
Uma francesa magrinha passa por você, apressada, com seu escarpim preto batendo um compasso musical na calçada. Entre uma passada e outra ela morde um croissant, duas vezes maior que o que você comeu. Uma onda de ódio invade o seu fígado. As francesas são magras, talvez porque não se preocupem tanto em engordar. Elas comem, bebem e vivem. Você volta para o hotel e decide colocar um salto alto. Afinal, por que não você?Você decide ir às compras. Nos primeiros 200 metros seus pés parecem que vão explodir. Primeira parada: uma loja de sapatos. Você sonha com um Louboutin de saltos finos e altos, sola vermelha. Como são lindos e sensuais! Mas seu pé precisa de uma sapatilha...
De balé? Repetto, as melhores do mundo? Chanel bicolor, a simplicidade e o luxo? Uma francesinha básica.Você entra na Galerie Lafayette para comprar lingerie básica que não marque, bege. Não tem! A mais simples das peças é colorida, rendada, ousada e sedutora. Será que elas usam isso todo dia? A resposta é: sim. Imagine a executiva descendo do carro com uma saia lápis, camisa branca, tudo bem rígido, então ela cruza as pernas e uma barra de renda sustenta a sua meia invisível. Ela é francesa!No meio do andar térreo da loja, os melhores perfumes, cremes milagrosos, maquiagens que transformam bruxas em princesas. No primeiro piso, aquelas bolsas que o ladrão leva e joga fora o que tem dentro.
Mais um nível e o prêt-à-porter. Todas as marcas, tudo lindo. E, enfim, as tais tenue de soirée: bordados, brilhos, curtos, longos, para todos os bolsos e gostos.Nisso, uma vontade louca de ir ao toilette. Você desce ao subsolo e: departamento “casa e decoração”. Que maldade! Você queria embrulhar sua casa e jogar no lixo. Que luxo as toalhas de mesa, as louças de Limoges e Sèvres, tapetes Aubusson, pratas Christofle, cristais Baccarat, utensílios.. Tudo lindo e tudo bom. Como dizem os nativos: la crème de la crème. A corrida para o banheiro é interrompida por um vestido de noiva cor de pérola, de simplicidade e requinte tocantes.Arruinada e cheia de sacolas, você pega um táxi e volta para o hotel. Larga as sacolas e volta para a rua, invadida pelo aroma de pão assando. Um acordeão toca La vie en rose. Não poderia ser diferente, a música também é francesa. Você lembra que um amigo francês a convidou para jantar. O bistrô apinhado é bem charmoso. Um cheiro de comida boa alerta seus sentidos.Sentado no fundo à direita, em uma mesa para dois, o seu “encontro” espera. Ele se levanta, puxa a cadeira, espera que você esteja instalada e recoloca o assento delicadamente. Pergunta se você quer um apéro, explica o menu, recomenda o melhor do bistrô, serve o vinho com uma intimidade— negligente —, que a faz tremer. Cadê a conta? Nem chega à mesa. Tudo foi acertado antes. Ele a ajuda a vestir o casaco, abre a porta e a acompanha até o hotel. O acordeão volta a tocar. Bem que podia continuar... Após dizer o quanto adorou a noite, o rapaz beija seu rosto e, num aceno, desaparece.
Deitada, olhando o papel de parede provençal, você entende o quanto a qualidade é importante para eles. Quantidade não importa. Os franceses continuam a fazer as mesmas coisas que faziam séculos atrás, confiantes no método e certos do resultado. Adaptaram-se ao longo do tempo, mas nunca se afastaram da essência que os valoriza. Pensando no seu encontro você adormece.De manhã, ao sair do quarto, você vê um papel sob a porta: “Passo às 7 horas para te pegar”. Você pega o metrô e corre para o departamento de lingeries da Galerie Lafayette. Oulala!Se entre duas visitas ao país 20 anos se passarem, verá que pouca coisa mudou. A tecnologia não encobre a genialidade do homem. Discreta, ela a sublima.
Inspiração.
www.revistaronnievon.com.br - Seção 1 - Jun/Jul 2012. Pág. 64 - R$ 9,90
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